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sábado, 1 de fevereiro de 2025

O medo do medo: aonde vai nos levar?

 

Estamos na era do medo. Tomamos remédios porque não suportamos a infelicidade. Não me refiro aos deprimidos, porque depressão é uma doença séria e perigosíssima e sempre leva à perda da vida (ou de parte dela) quase sempre sem levar à morte física. Mas muitos além destes diariamente se automedicam tomando suas pílulas da felicidade. Não suportamos a dor mais. Creio que teremos muito menos poetas, menos pintores. Não precisamos mais das artes para alienar, aliviar a dor. Temos pílulas milagrosas. Nada contra elas. São um bem para a humanidade. Mas não deveríamos fugir de sermos humanos, mesmo que o humanismo em si tenha terminado no século XIX.

O ser humano para o ser (dasein) em sua completitude necessita ser completo. Existir de fato no mundo e sentir o que está a nossa volta. Ninguém pode te ensinar que as rosas machucam se exibir as rosas de floricultura com os acúleos cortados. É preciso levar os alunos ao jardim. Ser peripatético, andar pelo mundo, mesmo que entre aspas, para sentir o ambiente.

Ninguém pode sentir um alívio sem uma apreensão, dor anterior. Ninguém pode estará exultante por livrar seu dedo mínimo se ele não estiver antes debaixo de uma pedra ou prensa. É notável a metáfora da ostra e da pérola que diz que é preciso a dor, o incomodo para a ostra produzir a pérola. Traduz todo o processo de criação seja poética, seja filosófica, seja ação (Política) no sentido de Hannah Arendt ou Aristóteles.

Incomoda-me essa ideia de viver sem dores, ou seja, não viver. Porque tocar o chão descalço, sem anteparo é ser ferido pelas rochas, pelo piso, pela invasão da areia... Sem a dor, o incômodo, não somos nada!

O sabiá sabia assobiar

  Assim cantou o sabiá Como sempre Sabia assobiar Com a melodia assombrar E o ritmo encadear O sol sobe e a lua baixa As estrela...