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sábado, 29 de novembro de 2025

A percepção segundo minha interpretação de Walter Benjamin

     


     Walter Benjamin tinha uma ideia sobre a apreensão/representação nas obras de arte muito interessante. Desejo somente explorar um pedacinho dessa percepção. A filosofia se faz muitas vezes pelo obvio que deixou de ser observado ou não é observado. Ele percebe como a representação dos objetos em uma pintura, foto, filme, descrição narrativa tende a perder aspectos/qualidades/atribuições dos objetos.

Digamos uma foto simples escolhe um ponto de vista e mostra como se está vendo o objeto. Mais ou menos porque as fotografias não tem acuidade de um bom olho ou por serem externas sofrem influencias que desajustam. Uma pintura que pretende ser realista escolhe um ponto de vista, tem dentro de si uma representação do objeto. Uma subjetividade que acrescenta mais atributos ao objeto. Algo que deixa menos vazio, descaracterizado.

Uma descrição narrativa emerge em subjetividade mais claramente que as outras. As outras também estão banhadas, mas não tão objetivamente. A descrição está tão cheia de subjetividade que pode mostrar a essência do objeto para o autor da obra permitindo, inclusive, que o leitor capture outra essência. De toda forma, a representação é redutora. Não pode mostrar tudo. Os aspectos são escolhidos. É impossível passar a integralidade do objeto. Mas evidentemente são escolhas subjetivas. Mesmo que fosse possível mostrar a integralidade, o autor provavelmente preferiria mostrar seu ponto de vista, sua interpretação do objeto.

O autor pode mostrar a essência do objeto, a negação do objeto, pode “desobjetificar” o objeto, mas não pode escapar de fazer escolhas. Mostrar algumas coisas, esconder outras. Pode até negar escolhas, o que é uma decisão. Desse modo toda obra são cortes da realidade ou da negação da realidade ou da relação com a realidade. Nunca a realidade em si, sobretudo no que deseja ser verossímil.

           Essa é de longe a parte mais importante do que eu deveria dizer. O que eu quero dizer é que a melhor descrição da realidade é a ficção que deseja mostrar algo real ou que acontece porque os construtos imaginativos permitem uma interação mais real com as propriedades do objeto que foi certamente metaforizado para facilitar a interação. Complicou e explicar minunciosamente não é produtivo porque a explicação é sempre um corte que esconde partes do objeto. Pensem. Se em algum momento eu conseguir acrescentar sem destruir parte do anterior volto.

O sabiá sabia assobiar

  Assim cantou o sabiá Como sempre Sabia assobiar Com a melodia assombrar E o ritmo encadear O sol sobe e a lua baixa As estrela...