Hoje decidi discutir um assunto que me agrada muito: a concepção de liberdade ao longo da história e da filosofia e a concepção deísta de Spinoza e suas consequências cerceadoras da liberdade. É interessante como por motivos diversos a humanidade chegou a concepções diferentes de liberdade, assim como caminhos diferentes para obtê-la.
Baruch Spinoza
diz que o universo é formado por uma única substância e que os objetos e seres
são substâncias particulares dessa mesma substância que é Deus, com isso
Spinoza invalida uma das teses fundamentais do cristianismo que é o
livre-arbítrio, pois sendo tudo substância particular do Criador, não há
escolha independente Dele e assim mesmo que inconscientemente cai-se num certo
fatalismo. Hobbes expressa uma ideia de liberdade muito interessante no
Leviatã, em que ele diz que antes da existência do Estado (cabe dizer que ele
era um dos defensores da monarquia) os homens podiam fazer o que bem lhes
entendessem, pois não havia leis, nem mecanismos de coação, nem propriedade de
quaisquer tipos e por isso tudo era permitido. Temos aqui dois conceitos libertinos,
pois Spinoza foi considerado libertino tanto pelos Reformistas como pelos
Contra reformistas, que são completamente adversos.
Para
Aristóteles, o homem livre era o que podia exercer sua liberdade na polis e
justamente por sua ação na polis era a justificativa de sua liberdade. Em suma
era praticamente dizer que o cidadão grego era livre porque exercia a sua
liberdade na polis. O segundo maior filósofo cristão (até porque por definição
o primeiro necessariamente é Jesus Cristo), o bispo de Hipona Aurélio
Agostinho, definia liberdade como justamente o contrário: "Só há liberdade
quando não há mais laços materiais". Para os liberais econômicos
monetaristas a liberdade é a de acumular as riquezas excedentes. Já para Marx a
liberdade consistia justamente no proletariado se livrar dos grilhões que os
prendem à burguesia, justamente a classe que se apropria da mais-valia.
Como se podem
ver as principais ideologias presentes em nossa sociedade abrigam conceitos de
liberdade diametralmente opostos uns aos outros e que cabe pensar muito bem em
que considerar para formular nossa concepção de sociedade. Não estou falando de
assumir um discurso, mas de construir nossas ideias sobre esse pântano de
concepções. O que é mais justo?