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sexta-feira, 7 de março de 2025

Educação das crianças

 


A educação das crianças é um assunto importantíssimo, porque todas as sociedades que deram grandes saltos nos últimos tempos aperfeiçoaram a educação básica, modernizaram-na e combateram a evasão escolar, principalmente tornando-a mais atrativa e interativa. A educação básica é interesse de muitas áreas, sobretudo para a pedagogia, as ciências sociais e a filosofia. Platão mesmo já se interessava pela educação das crianças, que segundo ele deveria começar pela educação do corpo.

Teorias muito posteriores, póstumas a até o filósofo o qual citarei literalmente: Michel Eyquem de Montaigne, considerarão essas primeiras fases da tenra infância como fases em que o saber concreto é muito melhor aprendido que o abstrato. Isso se torna praticamente um consenso após o construtivismo/estruturalismo e a ideia do desenvolvimento.

A educação das crianças era preconizada mesmo antes de Platão. Pitágoras mesmo afirmava: “Educai as crianças e não será preciso punir os homens”. Mas como vimos logo no começo a educação não visa apenas ensinar regras de convivência às crianças. Se fosse apenas isso, seria pobre e inútil. Bastaria ter uma sociedade vigilante e “castradora”, algo que efetivamente temos, mas não excesso necessário, para conseguir isso. Mas a educação, sobretudo após Vygotsky foca o desenvolvimento de habilidades e aptidões nessa fase inicial, pelo menos teoricamente sobre o que dizem fazer. Sobre a educação das crianças, Michel de Montaigne afirma em um de seus Ensaios que:

Entendo que a maior e mais importante dificuldade da ciência humana parece residir no que concerne à instrução e à educação da criança. O mesmo acontece na agricultura: o que precede à semeadura é certo e fácil; e também plantar. Mas depois de brotar o que se plantou, difíceis e variadas são as maneiras de trata-lo. Assim os homens: pouco custa semeá-los, mas depois de nascidos, educa-los e instruí-los é tarefa complexa, trabalhosa e temível. [...] Não cessam de nos gritar aos ouvidos, como se por meio de um funil, o que nos querem ensinar, e o nosso trabalho consiste em repetir. Gostaria que ele corrigisse esse erro, e desde logo, segundo a inteligência da criança, começasse a indicar-lhe o caminho, fazendo-lhe provar as coisas, e a escolher e discernir por si próprio, indicando-lhe muitas vezes o caminho certo ou lho permitindo escolher. Não quero que fale sozinho e sim que deixe também o discípulo falar por seu turno. [...] Na maior parte das vezes a autoridade que nos ensinam é nociva aos que desejam aprender. [...] Tudo se submeterá ao exame da criança e nada se lhe enfiará na cabeça por simples autoridade ou crédito. Que nenhum princípio, de Aristóteles, dos estoicos ou dos epicuristas, seja seu princípio. Apresentem-se-lhe todos em sua diversidade e que ele escolha se puder. E se não o mpuder fique na dúvida, pois só os loucos tem certeza absoluta em sua opinião. [...] Quem segue outrem não segue coisa nenhuma; nem nada encontra, mesmo porque não procura. [...] Não se trata de aprender os preceitos desses filósofos, e sim de lhes entender o espírito. Que os esqueça à vontade, mas que os saiba assimilar. A verdade e a razão são comuns a todos e não pertencem mais a quem as diz primeiro do que ao que as diz depois. [...] Que evite essas atitudes indelicadas de dono do mundo, e a ambição pueril de querer parecer mais fino por ser diferente; e não procure (o que não oferece dificuldade) mostrar seu valor pelas suas críticas e originalidades. [...] ensinar-lhe-ão a somente discorrer e discutir quando encontrar alguém capaz de responder, e ainda assim a não empregar todos os meios que disponha mas apenas os mais apropriados ao seu assunto. Que a tornem exigente na escolha e peneiramento de suas razões, amigo da exatidão e, portanto, da brevidade. Que lhes ensinem sobretudo a ceder e sustar a discussão ante a verdade, logo que a enxergue, surja ela dos argumentos do adversário ou da sua própria reflexão, pois não lhe cabe desempenhar um papel prescrito e falar na cátedra; e se defende uma causa é porque a aprova; e não fará como aqueles que vendem em moeda sonante a liberdade de poder refletir e reconhecer o erro. [...] É o que diz Epicuro no início de sua carta a Meniceus: Por mais moço que seja, que ninguém se recuse a praticar a filosofia, e que os velhos não se cansem dela. (MONTAIGNE, 1989, p. 143, 144,145, 146, 147 e 151)

O sabiá sabia assobiar

  Assim cantou o sabiá Como sempre Sabia assobiar Com a melodia assombrar E o ritmo encadear O sol sobe e a lua baixa As estrela...