Um técnico brasileiro com cidadania na capital mais nova do Brasil. Talvez o maior técnico brasileiro desencavou uma grande verdade: todos os técnicos campeões do mundo pela seleção brasileira eram brasileiros. Notável verdade! Todas as grandes obras do século XX e talvez do XIX foram escritas em máquina de escrever. Outra verdade! Talvez na década passada (e, portanto, muito recentemente) ainda existissem autores que escrevessem em maquinas de escrever. Hoje devem ser incrivelmente raros dada a facilidade que os processadores de texto possibilitam para escrever, reescrever, mexer no texto.
Não há menor dúvida de que a maquina
de escrever produz textos melhores que o computador por seu ritmo mais lento e
as constantes possibilidades de reflexão. Como não há plena certeza de que a
escrita é ainda muito melhor. Produz textos muito mais elaborados pela possibilidade
de escolher palavra a palavra dentro da própria escrita, sobretudo para alguns
como eu que precisam desenhar as palavras devido a sua péssima ortografia. Os
gregos até a sua decadência não aceitavam sequer escrever suas obras. Certamente
o Theodor Adorno certamente seria fã disso porque cada exemplar seria de certo
modo original por causa do telefone-sem-fio ou fofoca, ou seja, a cada narração
de uma obra haveria peculiaridades.
Até a invenção da impressão, as obras
eram escritas e copiadas a mão. O que até garantia certa originalidade a cada
obra ou conjunto de obras. Depois de Gutemberg imprimir a bíblia, imagino que muita
gente protestou contra aquela pasteurização toda das obras. Os autores até
gostaram porque as obras passaram a ser mais fidedignas ao que escreveram. Os leitores
perderam a originalidade de seus artefatos comprados. A história anda e ninguém
escapa das ações dela. Sim, é possível que muitas obras daqui em diante continuem
a ser concebidas em escrita manual. Mas é extremamente improvável que o sejam
através de maquinas escrever, visto que essas já são uma mediação muito
artificial. Nesse nível de artificialidade os computadores são incrivelmente
melhores. Na escrita não. Porque a escrita é um exercício e um desenhar ao
mesmo tempo.
Ou seja, um fato do passado não é
verdade indefinidamente. Até hoje nenhum técnico estrangeiro foi campeão da
copa do mundo de futebol. Não quer dizer que não o possam ser. Nem que
futuramente haja mais técnicos estrangeiros campeões do mundo que nacionais.
Que o Brasil seja o país pioneiro nisto, como já foi em muitas outras coisas. Aliás,
acho temerário qualquer ser humano ser profeta. Temos demasiados exemplos de
grandes pensadores que foram justamente contestados e até descredibilizados por
em algum momento quererem descrever um futuro. O passado só serve para evitar a
repetição de erros futuros. Os acertos? Esses precisam sempre ser construídos.
As ações, no sentido arendtidiano, é sempre um nascimento. É sempre algo novo.