Pensar exaure! Pensar é um exercício? Até é. Mas não é um
exercício muito pesado, a não ser que se esteja construindo um artigo acadêmico
ou uma tese. Não é pelo esforço calórico que o pensar cansa, mas pela
sobrecarga. Pensar exige que se agregue mais uma, duas ou três atividades ao
cérebro. Todas elas com ramificações. Quanto mais liberto o cérebro, mais
ramificações. Um cérebro focado corre
uma corrida de cem metros. Faz um esforço brutal e logo termine ou num desgaste
extremo corra uma maratona e depois tenha dias pra recompor. A tarefa já foi
cumprida. Um pensamento que é constantemente desfocado pelo ambiente histórico
e cultural corre um triatlo, muitas vezes um Ironman.
O problema não é a força de vontade da pessoa manter o foco.
Vivemos na sociedade mais “barulhenta”. Não por causa das pessoas. As pessoas
não estão revoltadas nas ruas. A maior parte do barulho vem de maquinas, de
objetos que se tornaram nossas extensões ou extensões da sociedade.
Multiplicidades em mídias, poluições sonoras, visuais, sensoriais das mais
diversas. Numa forma teológica recebemos incontáveis tentações. Cientificamente
inúmeros estímulos interagem conosco. Como é uma interação para não participar
precisamos ignorar, mas não é fácil. Para o melhor entendimento pense em alguém
te cutucando de minuto a minuto pra fazer alguma coisa para se livrar você precisa
renunciar ou ignorar. Não é fácil. Pense que você sabe que precisa ou deseja
interagir, mas tem muitas outras coisas a fazer...