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domingo, 23 de fevereiro de 2025

Mito IV

 

O universo era uma ideia constituída de outras de igual natureza. Algumas lendas asseguram que ele explodiu de decepção ao saber que era um simples substantivo, algo muito nominal, ele gostaria de ser uma locução verbal, algo complexo.

A explosão para algo tido como tão fenomenal que descobre que é tão simples uma coisa bastante momentânea e fatual. O universo só não poderia calcular os efeitos de sua raiva momentânea. Quando ele caiu em si percebeu a besteira que havia feito e por isso que o universo vive se expandindo, para afastar os corpos celestes e evitar a fofoca entre eles.

Passado o tempo, o universo acabou aprendendo que o caminho da sabedoria é a simplicidade e essa é outra razão para a expansão do universo, a expansão da alegria. E o universo se tornava cada vez mais sapiente e simplório, mais alegre e expansivo. Por isso que o universo é tão simples, misterioso e brilhante.

Sendo um substantivo maior, resolveu substantivar todas as coisas, lhes dando nomes. E todas as coisas passaram a ter nomes, várias denominações, várias raízes, matizes, fonemas, ortografias e significados. A partir daquele momento tudo era substantivo múltiplo como o universo o é.

O universo como substantivo é simples e denomina tudo como convém a um substantivo. O substantivo é um, é o universo.

(Pensar...)

 

Mito III

 

Que o universo era constituído somente de ideias, a essa altura vocês já estão cansados de ler nos meus artigos. Os artigos anteriores diziam que o mundo é constituído de onomatopeias ou adjetivos, mas tudo isso é besteira, o mundo é constituído de metáforas.

O mundo era só ideias e explodiu ao descobrir que ele conseguia ressinificar as palavras usando outras palavras para definir palavras suas. Isso é uma coisa impressionante até para uma ideia grandiosa como o universo. Então a explosão foi mais que justificada.

A maioria (quase a totalidade das lendas de criação do mundo) demonstra que o mundo foi criado por metáforas, já que as próprias estórias são metáforas da criação do mundo. O mundo é uma metáfora da existência humana, na verdade é uma metáfora de uma metáfora. A própria existência humana é uma metáfora.

Por isso que o mundo é algo que se refere a outro objeto, uma idéia que se refere a outra. Devido ao material de que é constituído o mundo acaba não sendo o que é, já que ele é constituído de referências aos objetos. Então o mundo é referencial e por isso relativo, inexato e mutante.

(Pensar...)

Mito II

 

No começo o mundo era só ideias (Eu acho que até Platão concorda comigo, ou eu concordo com ele, sei lá). Só existia espírito, entidade, mente... só existiam pensamentos, convicções, doutrinas, verdades de todos os tipos. Primeiro o universo (uma idéia muito legal) explode em alegria ao perceber a primeira dúvida. Bum, Catapuft, Ploft, Pow... mais ou menos isso.

A dúvida era algo muito importante, pois o universo percebeu que poderia ainda crescer, se expandir. A incerteza era algo esplêndido, algo indubitavelmente maravilhoso. O universo estava formidável e benevolente com a descoberta. As ideias também estavam eufóricas e absolutamente lindas, pois, afinal, o universo era constituído delas.

Como se pode notar, nasceram nesse momento os adjetivos, que por sua vez construíram o mundo. Por isso que o mundo é ao mesmo tempo tão lindo, maravilhoso, formidável, esplêndido, monumental, mas ainda assim com um grave problema: é volúvel como todos os adjetivos, dos quais é constituído.

O mundo antes de existir era rude e simplório, mas, com certeza era muito mais perfeito do que o é hoje. Acontece que quando o universo criou a perfeição, descobriu que ela era muito soberba, bastante imatura e excessivamente fútil.

(Pensar...)

Mito I

Segundo as lendas onomatopaicas, o mundo não nasceu, ele morreu.

Primeiro segundo, dia da criação, havia um amplo universo de ideias, de concepções, de estilos, de ideologias. Segundo momento, o instante da transfiguração, tudo o que era deixou de ser. Terceiro estado, a explosão, bum...! Bum...! Bum...! Tá bom. Isso já esboça o esdrúxulo.

A onomatopeia se transfigurava, atitude normal para uma figura em eterna mudança. Ao homem restavam algumas ideias e elas construíam um novo habitat. As pedras pela força do pensamento transformaram-se em mesa e cadeiras. Alguns arbustos em comida (haja imaginação para se comer uma folha). As caças se transformaram em manjar. O homem sugava a vida e as virtudes de outros animais. O homem agora era vampiro e sugava força vital. O homem foi vampiro mesmo antes de a Transilvânia ser criada.

As noites eram longas e o homem teve que inventar as brincadeiras. Brincou de fazer fogo, de desenhar e de imitar o que os animais faziam e acabou descobrindo brincadeiras maravilhosas. Acabou aprendendo que para viver é preciso brincar. Os homens dependem de suas brincadeiras para sobreviver e as brincadeiras melhoram sua autoestima.

(Pensar...)


O sabiá sabia assobiar

  Assim cantou o sabiá Como sempre Sabia assobiar Com a melodia assombrar E o ritmo encadear O sol sobe e a lua baixa As estrela...