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quinta-feira, 29 de maio de 2025

Reflexões e inquietudes

            


           Possivelmente eu devo começar uma investigação de um tema interessante ou de algo em torno dele. Não conheço autores que tenham pensado especificamente sobre o foco que ando avistando. Mas possivelmente existam milhares ou pelo menos centenas.

Kant produziu um panfleto que distribuía na porta da igreja da convicção dele, a luterana: Resposta à pergunta: Que é o esclarecimento. Nesse texto, Kant defende a autonomia intelectual através do uso da razão autônoma. Sua crença na racionalidade o levou a escrever obras como Paz Perpetua, que nos soa hoje mais como uma utopia fictícia do que uma obra filosófica racional. Poderíamos usar inclusive a principal critica a sua visão de mundo para justificar: a vontade se sobrepôs à razão e a usou para justificar os seus desejos.

O ocaso da razão como motor do mundo, o ideal iluminista, começou com as descobertas freudianos que debilitaram o ego. As mostras da impotência da razão sobretudo demonstradas por Nietzsche. Também a demonstração de como o trabalho e o meio do trabalho formam o ser humano feita por Marx. Mas não vou me alongar nisso porque embora demonstrem a insuficiência da razão não mostram a situação atual, muito mais caótica.

Estamos numa era em que a velocidade aniquilou a reflexão. O excesso de informações inviabilizou a razão. É tudo tão caótico não é possível deliberar sozinho, conjuntamente com a consciência ou em grupo adequadamente. Nem mesmo no ocaso da razão, se mover com vistas a um desejo coletivo. Possivelmente nem deliberar para atingir desejos próprios mais elaborados. Desse modo, os indivíduos, que no coletivo formam a sociedade, vivem pra suprir seus desejos mais urgentes quase como se fossem necessidade. Assim destruindo todos os escombros restantes da racionalidade.

Vou me afundar nesse tema. Espero com o tempo compreender a sociedade do consumo instantâneo que magicamente dissolve a si mesma. Não sei mais nada! Desculpem! Por ignorância termino o texto aqui...

quinta-feira, 3 de abril de 2025

Entre o desejo e a ética

 


Nós vivemos num mundo de desejos. Digo o nosso mundo humano, porque aos outros animais não é oportuna a concepção de aspirações ou volições. Os animais executam exatamente o que querem e pagam um preço caro, barato ou nenhum por isso. Pouco lhes importa. Não há todo um quadro de valores a sustentar suas convicções, não há previdência. No máximo há providência quando a necessidade encontra a oportunidade. Algo também muito comum e conhecido pelos humanos.

Nós humanos naturalmente desejamos tudo que nos faz bem, que nos afeta sensivelmente (pela visão, tato, olfato, paladar ou audição) ou sentimentalmente (pelo afeto, desprezo, simpatia, heterofilia). Vale lembrar que simpatia, por definição é o gosto ou aproximação por valores iguais ou exaltação deles (sym+pathos). Heterofilia é o gosto pelo diferente. Não creio que há mal intrínseco em desejar. Talvez algum extrínseco, afinal somos seres civilizados e por isso podado de muitos de nossos mais majestosos instintos.

Mas nossos instintos não combinam com nossa civilidade e isso é complicadíssimo. Não combinam nem mesmo com a ética: não posso fazer tudo o que eu quero sem desrespeitar o outro. Nem mesmo se em meu código de responsabilidade e de interação não estaria cometendo um erro. As éticas pessoais (éticas sempre se referem ao coletivo, mas são escolhas pessoais dentre o aceitável e o aprendido) quase nunca são as mesmas. Seria uma novidade se dois sujeitos compartilhassem exatamente de uma mesma visão de mundo.

Nossa condição humana nos leva a um corredor sem fim de desejos mesmo sem a indústria cultural nos inculcar ainda os desejos até então inexistentes e até então desnecessários. Até nos fazer desejar o próprio desejo do desejo. Acabei dando uma volta, mas escrevi esse último parágrafo mesmo só pra lembrar como nós humanos estamos enredados nos “nossos” próprios desejos. Meu foco não são os desejos criados. São os desejos reais e apenas aceitarei os ilusórios criados pelo autoengano, pois quando enganamos a nós mesmos, nada pode ser mais real.

Não pretendo considerar que o desejo é uma coisa boa ou ruim em si. Sem o desejo muita coisa não teria sido inventada ou manufaturada, criada, concebida. Mesmo o desejo do impossível levou o homem a novas épocas, conduziu a novas tecnologias, a novos pensamentos. Toda grande mudança pessoal ou coletiva nasce de uma utopia. Mesmo os desejos mais complicados, difíceis tiveram que ser sublimados e por vezes sua expressão criou expressões de arte magníficas, belas e supremas.

O conflito entre desejo e possibilidade, muitas vezes leva a compreensões éticas e estéticas formidáveis. Se eu colo os lábios no texto (não os meus) é porque não teria melhor compreensão se colasse os ouvidos, os olhos, talvez o magnífico dorso. Não seria possível imaginar melhor leitura do desejo. A vida é uma dura batalha. Felizmente é ética.

O sabiá sabia assobiar

  Assim cantou o sabiá Como sempre Sabia assobiar Com a melodia assombrar E o ritmo encadear O sol sobe e a lua baixa As estrela...