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sexta-feira, 16 de maio de 2025

Individualismo e Felicidade ilusória x Responsabilidade e Felicidade real

 


Embora nunca seja agradável pensar, sobretudo criticamente, creio que é oportuno propor uma discussão sobre o nosso isolamento real num mundo imaginário (não estou falando de internet ou tecnologias, pois elas são reais). Nós vivemos em um mundo lúdico, um mundo de interpretações pelo qual às vezes passamos secamente observando muito mal a paisagem. É desesperador o quanto refletimos pouco e observamos pouco nossos parceiros com o qual interagimos ou não.  Temos a velha comodidade de apreender sempre apenas ou que foi dito ou o que é mais comum ainda: o quisemos ouvir.

É claro que tentar compreender o outro exigiria uma maior complexidade de pensamento nossa e, sobretudo, do agir. É óbvio que seria necessário que entendêssemos um pouco da psique individual, sobretudo da nossa que é a mais difícil. É evidente que necessitaremos de um método que seja, senão claro, pelo menos evidente. O conhecimento das relações; talvez pelo método empírico da experiência mesmo não sendo possível agregar um método externo, uma ciência, para analisar o caso; é essencial para a nossa pretensiosa intenção. Aí, eu creio que paira um problema mais complicado, pois mesmo com toda boa intenção, entender o próximo é sempre mais complicado e exige muita habilidade e disponibilidade.

Sem dúvida seria um passo fenomenal entender o que as pessoas dizem e não o queremos ouvir, no entanto seria um passo ainda maior entender o que as pessoas querem dizer - é claro sem a nossa pretensão de distorcer as coisas de acordo com o nosso sentimento, por isso o método-. É isso que proponho tentar fazer, não sem levar em conta o desgaste e o empenho necessário para isso, no dia-a-dia ou no máximo de casos que conseguirmos.

Parece estarmos cada vez mais numa sociedade, e é muito claro isso até pela fase do capitalismo e do individualismo que estamos, que perdeu o senso de corresponsabilidade, onde cada um cuida de si, não se cuida mais do outro. Parece que se perdeu a ideia de sistema único, de ecologia, de geopolítica. É cada vez mais patente que apesar de estarmos num mundo profundamente interligado (pelo menos esse fato positivo!) nós agimos como se nossas ações fossem isoladas. Essa consciência ética que temos, meu amor, se não se tornar mais geral certamente nos afundará a todos em um poço de egoísmos.

Deixamos a responsabilidade social para nossos governantes fazerem caridade, quer dizer, humilhar ainda mais quem já está humilhado. Não conseguimos estabelecer parcerias uns com os outros. Reinamos um império de desconfiança. E sabemos que preço alto pagamos por confiar. Embora saibamos que não importa o preço, é sempre melhor para o todo estabelecer um sistema de confiança. E morremos senão da fome de alimentos, da fome de compreensão, da fome de carinho, sobretudo da fome de fraternidade se continuarmos a viver nesse império de desconfiança.

É claro que estaria provavelmente perdendo meu tempo falando isso se fosse com outra pessoa porque já não nos importa o outro, sobretudo se não o conhecemos. Já não temos mais laços. Já não temos o sentimento de/da humanidade, o que é muito natural porque não somos mais humanos, somos indivíduos. Fomos reduzidos a quase números.

Realmente se algumas ideias mais avançadas das ciências puxadas pela ecologia buscam valorizar o todo, e não as partes como queria Descartes, fico muito alegre com isso, pois, apesar de aumentar a nossa responsabilidade, valoriza o que há de mais humano em nós: a fraternidade. No dia em que cada ser humano decidir cuidar de si, dos próximos, do meio-ambiente circunvizinho, do seu continente e do mundo, cada um a sua vez e ao mesmo tempo, teremos tempos memoráveis.

Ah se todo ser humano pudesse ter tempo para analisar as suas atitudes, pudesse refletir suas ações, concebe-las em todo um raio de influência. Pudesse analisar o outro sem preconceitos ou com o mínimo deles já que não é possível analisar sem um conceito anterior. Pudesse mergulhar nas intenções suas e dos outros. Pudesse ser humilde o bastante para aprender com as situações. Mas já que como individuo, número, não pode, não desisto... mas até outra... continuemos a lutar...

 

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