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domingo, 27 de julho de 2025

Perdimentos

A contingência é um negócio triste

Mas pode ser alegre

A tristeza tem seu fim

A alegria limites

Sobra alergia

Nem todas são rinites

A gente comemora

O chopp uma hora gora

Inevitabilidade


 

O mestre Juraildes da Cruz num estalo de rara felicidade cunhou a melhor definição da inevitabilidade na música Se correr o bicho pega:

Eu pensei correr de mim, mas aonde eu ia eu tava
Quanto mais eu corria mais pra perto eu chegava
Eu pensei correr de mim, mas aonde eu ia eu tava
Quanto mais eu corria mais pra perto eu chegava

Ou seja, numa simples situação mostrou que é impossível deixar de ser quem é, porque mesmo que se modifique você não deixa de ser o que se tornou. Consegue pensar uma ontologia moderna, algo muito delicado dado á força do existencialismo na modernidade tardia. Óbvio que o existencialismo pode refutar e desqualificar a reflexão facilmente ao argumentar que ninguém é. Ou seja, o pressuposto é falso. Mas não é uma suspeição simples já que existir é muitas vezes erroneamente entendido como ser.

 

sábado, 26 de julho de 2025

Nada combinado, tudo resolvido

Correu meia quadra

Rodeou um círculo e meio

Cruzou o polígono

Não sobrou nada

Se afogou no riacho

Elevou o solo

O teto foi ao chão

Tudo certo

Tudo salvo

Nada combinado

Chegou ao fim

Haverá recomeço?

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Manifesto Reexistencialista

Se há um infortúnio

Eis o motivo da causa

Não há problemática

Que não sobrevenha a razão

Sentimos profundamente

O dever de investigar

Os motivos do desejo

Desejando conhece-los

Almejando a razão

A vontade de ser

O que não fomos

Estando nós mesmos

Nessa luxuria

Da ciência

Inconsciência dos motivos

Obscurecimento da razão

Apice da consciência

De que nada somos

Nada controlamos

Apenas estamos

sábado, 19 de julho de 2025

Importúnio

Um corre-corre de formigas no veleiro

Curiosidade atormenta o tempo inteiro

Só resta a fadiga do conhecimento

Um eterno constructo tijolo a tijolo

Não importa quantos níveis alcança

O saber está sempre no horizonte

Utópico e ideal

Uma maratona passo a passo

Passos lentos e largos

As formigas correm mais

Mas não chegamos a lugar nenhum

O tal do conhecimento não tem dono

Nem tempo, nem lugar

Só mesmo oportunidade

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Tudismo (antiniilismo?)

Ando na noite

Cegam-me as estrelas

O breu é todo o ambiente

Inexistem chão e céu

Tudo é um igual

Pequenos pontos destoam

Tentam fazer desenhos

Não suportam o vazio

Não se afeiçoam ao nada

Desprezam começos e recomeços

Querem ter algo construído

Não suportam contemplar

Querem ser

Não suportam só existir

O sabiá sabia assobiar

  Assim cantou o sabiá Como sempre Sabia assobiar Com a melodia assombrar E o ritmo encadear O sol sobe e a lua baixa As estrela...