Inicialmente já quero deixar claro que não sou físico, nem matemático. Já
comecei engenharia civil, mas cursei mesmo foi comunicação social e filosofia.
Primeiro fiz comunicação, depois filosofia. Fui um estudante razoável tanto de
física quanto de matemática. Melhor de matemática que de física.
Vou me valer da minha qualidade de bom generalista. O que tanto
comunicação quanto filosofia potencialmente podem criar em seus estudantes.
Comunicação, na minha (deveria sublinhar infinitamente o particular minha)
opinião, faz muito mal e com fundamentos equivocados. E a filosofia pode fazer
muito bem com variados fundamentos coerentes ou propositalmente incoerente.
Então com a autoridade de quem estudou uma formação útil (a comunicação),
baseada em teorias sem pé nem cabeça, e uma formação inútil (muito felizmente),
solidamente embasada, venho discutir o ensino de física no ensino médio. Nem
bem isso, venho propor uma utopia. Algo que devia estar na cabeça de todos os
professores de física e matemática.
A física deveria ser estudada mais como fundamento, teoria, explicação do
que como solução pronta. Nós todos adoramos respostas prontas e ao repassar as
formulas descobertas por Newton as pessoas aprendem a resolver coisas que cada
instante passam a saber menos o que é. Digo: Velocidade, velocidade é distancia
pelo tempo. Aceleração é velocidade pelo tempo. Se perguntarem velocidade e
aceleração basta aplicar a formula não importa o contexto. Pra efeitos práticos
não importa mesmo. Mas pra entender o que aconteceu... a física... não importa.
Se for mudança de velocidade basta subtrair da velocidade maior a menor.
Pra cada velocidade eu sei que é o deslocamento dividido pelo tempo. Da mudança
de velocidade posso tirar a aceleração. Basta conhecer as velocidades inicial e
final e saber o tempo. Se eu consigo traduzir tudo isso em álgebra, posso até
pensar numa equação que com os espaços e tempos respectivos posso deduzir a
aceleração. Mas se me dessem uma formula já resolveria logo isso. Nem precisava
entender o que aconteceu.
Estou falando de coisas incrivelmente básicas com o intuito mesmo de me
acharem idiota. É justo. Mas os que me acharam idiota, podem ser até
inteligentes, mas não entendem de física, digo de dinâmica. Ou pelo menos não
querem entender o movimento. Sim, podemos produzir gênios que conseguem aplicar
a física magistralmente nas suas áreas: fazem pontes maravilhosas, redes de
distribuição de energia magistrais, mas que não tem a menor ideia do que estão
fazendo porque aprenderam aplicar a álgebra, mas não tem a menor ideia do que é
física ou álgebra.
O ensino médio é um manual de como resolver o mundo usando por exemplo a
física, mas que não foca no aprendizado de física. Não deixa evidente que a
físico-química é o ensino dos cálculos necessários para fazer reações,
otimizá-las. Falta contexto em tudo quando é dado a formula para resolver o
problema momentâneo que infelizmente impossibilitará que se compreenda o que
deveria e, portanto todos os demais problemas não tenham nem caminho para serem
resolvidos porque ninguém teve a pratica. A experiencia de ao compreender o
problema procurar resolvê-lo.
Que bom seria se ensinássemos as matérias, no caso física, e fosse aberto
que as pessoas usassem o seu conhecimento para tentar resolve-las sem uma
formula dada e as avaliações fossem da compreensão do problema e da elaboração
da solução. Não a se acertou ou errou inicialmente. Se o ensino médio passar a
ter quatro anos para dentro de outras coisas o ensino dos fundamentos do
cálculo infinitesimal, poderíamos também adiar por algum tempo o ensino das
formulas. Ou seja, deixar mais para o fim de um quadrimestre, semestre ou ano a
adição de formulas. Mas é uma utopia, obviamente