Acompanham

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

O eterno e o tempo

Quanta coisa não foi?

Não foi?

Acabou ficando

No meio da rua

Por sobre a calçada

O beijo bandido

De despedida

Pra nunca mais

O gosto doce na boca

O amargo da perda

O idílico do sonho

A dor da separação

Fez-se uma eternidade

Irrepetível

O eterno estará lá

Fora do tempo

A falta, a saudade...

Hão de consumi-lo

O tempo

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Caos gaseificado

A razão sai-me da cabeça

Para dominar o mundo

O universo se rebela

Não quer ser contido

Especificado

De que espécie é o universo, Lineu?

Tudo tem que estar numa caixinha

Bem organizado

Né, Marie Kondo?

Mas eu devaneio

Junto os reinos

Coloco as espécies nas expressividades

Junto formigas e besouros de olhos azuis

E o carvão ao olho do carcará

Sonho com salada de borboletas

Regadas a mel

Pulgas tomando banho

No meu vira-lata

O vira-lata sou eu

Ele é o lorde em sua mansão

Eu tomo a rua como minha vida

E respiro o caos

Ordem? Pra quê? Pra quem?

Socorro! Quebrei o meio-fio

Quebrei o meu fio

Alguém tem um novo violão

A música tem que parar

A poesia incomoda

Resiste, persiste

Eu? Eu vou embora.

Poesia não tem eu.

terça-feira, 14 de outubro de 2025

Eternidade e Infinidade

Se dois mais dois fosse quatro

Vamos supor que seja

Meu desejo colaria no teu ensejo

Meu queixo no teu beijo

Meu viver num breve alento

Teu pescoço no meu relento

O tempo não seria tão veloz

A saudade tão cruel

Teu magnetismo não...

Suor não teria sal

Soro sem açúcar

Seria um banho de mar

O eterno seria interminável

Nosso eterno amor

Morre e renasce a cada instante

Maldito tempo!

Sim... vai embora...

Agorinha nos vemos

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Paixão repentina

 Apostei tudo

Perdi o tempo

Ganhei a vida

Foi uma tacada certeira

Acertei o beijo

Colhi o abraço

Restou a saudade

Dura separação

De ser eu

E não ela

Joguei os dados

Comprei os resultados

Fiz aliança

De papel de bala

O que será do futuro?

Amanhã é outro dia

Reencontraremos?

Eu já estou perdido.

domingo, 12 de outubro de 2025

Por um ensino mais significativo

 


Inicialmente já quero deixar claro que não sou físico, nem matemático. Já comecei engenharia civil, mas cursei mesmo foi comunicação social e filosofia. Primeiro fiz comunicação, depois filosofia. Fui um estudante razoável tanto de física quanto de matemática. Melhor de matemática que de física.

Vou me valer da minha qualidade de bom generalista. O que tanto comunicação quanto filosofia potencialmente podem criar em seus estudantes. Comunicação, na minha (deveria sublinhar infinitamente o particular minha) opinião, faz muito mal e com fundamentos equivocados. E a filosofia pode fazer muito bem com variados fundamentos coerentes ou propositalmente incoerente.

Então com a autoridade de quem estudou uma formação útil (a comunicação), baseada em teorias sem pé nem cabeça, e uma formação inútil (muito felizmente), solidamente embasada, venho discutir o ensino de física no ensino médio. Nem bem isso, venho propor uma utopia. Algo que devia estar na cabeça de todos os professores de física e matemática.

A física deveria ser estudada mais como fundamento, teoria, explicação do que como solução pronta. Nós todos adoramos respostas prontas e ao repassar as formulas descobertas por Newton as pessoas aprendem a resolver coisas que cada instante passam a saber menos o que é. Digo: Velocidade, velocidade é distancia pelo tempo. Aceleração é velocidade pelo tempo. Se perguntarem velocidade e aceleração basta aplicar a formula não importa o contexto. Pra efeitos práticos não importa mesmo. Mas pra entender o que aconteceu... a física... não importa.

Se for mudança de velocidade basta subtrair da velocidade maior a menor. Pra cada velocidade eu sei que é o deslocamento dividido pelo tempo. Da mudança de velocidade posso tirar a aceleração. Basta conhecer as velocidades inicial e final e saber o tempo. Se eu consigo traduzir tudo isso em álgebra, posso até pensar numa equação que com os espaços e tempos respectivos posso deduzir a aceleração. Mas se me dessem uma formula já resolveria logo isso. Nem precisava entender o que aconteceu.

Estou falando de coisas incrivelmente básicas com o intuito mesmo de me acharem idiota. É justo. Mas os que me acharam idiota, podem ser até inteligentes, mas não entendem de física, digo de dinâmica. Ou pelo menos não querem entender o movimento. Sim, podemos produzir gênios que conseguem aplicar a física magistralmente nas suas áreas: fazem pontes maravilhosas, redes de distribuição de energia magistrais, mas que não tem a menor ideia do que estão fazendo porque aprenderam aplicar a álgebra, mas não tem a menor ideia do que é física ou álgebra.

O ensino médio é um manual de como resolver o mundo usando por exemplo a física, mas que não foca no aprendizado de física. Não deixa evidente que a físico-química é o ensino dos cálculos necessários para fazer reações, otimizá-las. Falta contexto em tudo quando é dado a formula para resolver o problema momentâneo que infelizmente impossibilitará que se compreenda o que deveria e, portanto todos os demais problemas não tenham nem caminho para serem resolvidos porque ninguém teve a pratica. A experiencia de ao compreender o problema procurar resolvê-lo.

Que bom seria se ensinássemos as matérias, no caso física, e fosse aberto que as pessoas usassem o seu conhecimento para tentar resolve-las sem uma formula dada e as avaliações fossem da compreensão do problema e da elaboração da solução. Não a se acertou ou errou inicialmente. Se o ensino médio passar a ter quatro anos para dentro de outras coisas o ensino dos fundamentos do cálculo infinitesimal, poderíamos também adiar por algum tempo o ensino das formulas. Ou seja, deixar mais para o fim de um quadrimestre, semestre ou ano a adição de formulas. Mas é uma utopia, obviamente


sábado, 11 de outubro de 2025

Impassível

Atravessei o rio

Fruto da imaginação

Engasguei os sonhos

Regurgitei esperanças

Molhado

Percebo

Não é um lago

É a poça d’água

As minhas lagrimas

Renderam

Mas não passo pano

Nem bato palmas

Quem quiser abrir a porta

Ou a janela

Que abra

Não sairei

Tranquilo estou

Impassível

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Conto de Hector

 


Hector, o belo, mais belo que marmelo, vivia em seu imenso mundo. Nem tão limpo, nem tão imundo. Sabia dizer as coisas, ser prolixo, mas não profundo. Andava com alguma dificuldade. Nada que os muros não ajudassem. Paredes que nunca travessou, digo, nunca pulou. As pontes sim, nunca pulava. Atravessava todas as pontes possíveis.

Era um demagogo da melhor qualidade. Não, nunca pretendeu ser candidato a nada. Mas era o grande político da cidade. Estava em todas as rodinhas. Embora não entendesse quase nenhuma, conhecia todas as tendencias, correntes, inclusive os disse-me-disses. Sabia dizer algo razoável em cada rodinha. Dar sua opinião mais sincera sem se comprometer.

Era o cara dos cosméticos. Dava opiniões que não construíam nada, mas agregavam todos os aspectos da roda. Sabia que oferecer um café ou um bolo ou realçar o canto do sabiá ou canário do reino era muito mais útil que uma convicção. Não torcia por nenhum time, mas pela vitória da competitividade e a compaixão pelos derrotados. Ia a todas as disputas, mas não comparecia a estádios ou ginásios por mais que cinco ou dez minutos.

Era capaz de arrastar multidões, sobretudo nos dias de Reis e Cosme e Damião. Adultos e crianças. Não arrastava sozinho, é verdade. Mas era uma espécie de líder das frivolidades. Obviamente não são datas frívolas, nem suas comemorações. Mas ele era. Só sendo um mestre nas frivolidades conseguiria ser tão agradável.

Andava pelas ruas sem se desviar de ninguém. Não precisava. Para tudo tinha uma fala tão inútil que poderia passar desapercebida a não ser agradável notícia para as pessoas de que elas eram notadas. Podia ser um idiota. Suas palavras não levavam nada pra frente, nada acrescentavam, mas era a cola da cidade. A ponte entre todas as diferenças.

Poderia ser um carteiro como o Hermes, o mensageiro dos deuses que tinha asas nas sandálias. Hermes que era padroeiro dos diplomatas por interligar reinos e pessoas. E dos ladrões, por ser muito furtivo. Essa ultima característica não tinha. Era muito honesto com outros. Não consigo. Tinha dias que preferiria se enfiar pelado num barril como Diógenes, o maior dos cínicos. Cínico em grego era cachorro. Talvez cachorro fosse uma boa definição da agradabilidade de nosso personagem.

Talvez fosse tratado como um cachorro mesmo. Recebia tanta simpatia quanto desimportância. Quanto mais era ignorado, mais era adorado. Uma baita cachorrada! Me revoltei! Não tenho a paciência, malemolência de Hector. Termino por aqui.

A vida segue

  Atravessei dois ou três prédios pela rua Inspirou-me confiança Acenei efusivamente para o nada Recolhi todos ou louros da ação Esc...