Acompanham

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Leonino

Me fascina o ocultismo da física

Os mistérios da matemática

O messianismo da química

 

Mas o que assusta mesmo

É a exatidão do horoscopo

A ciência da astrologia

Da numerologia que nos destina

 

A certeza de cada superstição

De cada ato mágico racionalmente calculado

É empiricamente comprovado

Numericamente contabilizado

 

A ascendência da lua e do sol

Refletem-se na minha signatura

Delineia o que sou

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Messianismo

Guardei o dia

Perdi a noite

Em pensamentos

 

Angustiado

Pela falta

A ausência

De coisa nenhuma

 

A existência

É a única verdade

Aliena todo o resto

(O resto existe?)

quarta-feira, 7 de maio de 2025

O amor é profundamente político

 


Muitos filósofos orgânicos como Montaigne e Voltaire (há quem não o considere) já incluíram o amor em seus ensaios ou em seus dicionários. Eu, que sou um mero mortal, venho jogar umas ideias que pretendem costurar uma concepção minha que tem bases volúveis em vários pensadores. Acredito ter costurado as bases com uma boa dose de necessário senso comum. Cabe-me propor o caráter estritamente político do amor, concepção que talvez cause algum incômodo (ou não) a algumas pessoas.

O amor é uma atividade política por excelência. Só se define e se traduz pela ação, pelo planejamento da ação e principalmente pelo sentimento da ação. O amor é um sentimento político porque sempre se refere a algo externo, mesmo se tratando do amor narcísico, porque esse se trata do amor à própria imagem, que é, portanto, um objeto externo (Quanto aos outros amores, não paira nenhuma dúvida de que universo, pessoas, deuses, humanidade sejam objetos externos). Outra faceta que demonstra o caráter político do amor é a sua interdependência com a ação, pois o amor só se expressa pelo desejo de alguma ação (ou pela ação), qual seja afagar a amada, fazer amor ou simplesmente estar próximo ou pensar nela ou em sua ideologia. Lembre-se que Hannah Arendt afirma que o planejamento da ação também é uma ação. Ainda outro fator demonstra o caráter político do amor, pois é ele (todos os tipos dele) que agrega as pessoas. É um sentimento eminentemente unitário.

Assim como a política, então, o amor só é factível entre mais de um objeto; palavra que aqui toma a desinência de pessoa, coisa, sentimento, percepção, devaneio ou imagem, um sentido amplo como é tomado em diversas ciências como a filosofia e a psicologia; só existe enquanto relacionada à ação, inexiste fora deste contexto; e a ação política é o que agrega as pessoas, pois as pessoas se unem no agir, no pensar do agir e no sentimento do agir tal qual no amor. É bom lembrar que em Hannah Arendt, bem como em outros, a interação é característica fundamental da política.

terça-feira, 6 de maio de 2025

Irracional

 Acusa-me do que não sou

Não te direi quem não és

Pois se existe algo

É obscuro

 

Entrego-me ao mistério

Desejando intuir

Conceber o indecifrável

Pois se existir não te basta

 

A vida é perdida

Nessa falta de liberdade

Na prisão da compreensão

Guia-te pelo desejo

(e a vida se abrirá)

segunda-feira, 5 de maio de 2025

A modéstia vale alguma coisa?

 


O filosofo Arthur Schopenhauer afirmava que a modéstia não era nada “senão uma humildade hipócrita pela qual um homem pede perdão por ter as qualidades e os méritos que os outros não têm”. Assim temos um bom começo para discutir a modéstia, visto que outro filósofo afirmou que “antes uma falsa modéstia que modéstia nenhuma”. Esta ação ética, como muitas outras é controversa em seus resultados: muitos dizem, inclusive Nietzsche e Schopenhauer, que a modéstia é para homens pequenos. Aristóteles dizia que a modéstia leva ao sofrimento e a infelicidade.

Mas para muitos filósofos, principalmente os que existiram enquanto o humanismo ainda era preponderante, acreditavam que a modéstia tinha enorme valor. Sendo inclusive um dos pilares da ética humanista cristã, no início do humanismo e antes da religião preponderante passar a ser a ciência, quando os homens trocaram a fé em um ser superior e a posterior é no ser (em si mesmo ou na humanidade) por uma fé injustificada eticamente (logo, logo também pragmaticamente) na técnica.

Hoje num tempo em que não somos, o ser não é, somente existe ou inexiste, em que vale muito mais nossos desejos que nossas convicções, a questão da modéstia ou do orgulho tem nenhuma importância. Afinal, o ser não é, nem pode ser. Existe sem nenhuma substância, nenhuma consistência, é apenas um pequeno pedaço do movimento da história. Num tempo assim, em que mesmo em um microcosmo não somos, a própria percepção disso: um senso de realidade denominado por muitos de humildade não tem nenhum valor? Ou será que as discussões anteriores prevalecem, mesmo com o passar do tempo e o fim das condições que criaram o humanismo? Creio que essa é uma discussão que merece muitos argumentos e um bom futuro. Pessoalmente, eu creio que a modéstia continua a ser sempre a melhor política.

domingo, 4 de maio de 2025

Niilismo

Quando quero ver Deus

Eu vou a rua

Me olho no espelho

Também no espelho o irmão

 

Pra saber do inferno

Reflito, aflito, a insuspeita preocupação

Sinto o arfar do combalido irmão

Sei que nada me fará melhor

Que minha expressa nulidão

sábado, 3 de maio de 2025

Estória

Passos apressados

Passam por aí os pássaros

Passado o tempo

Passeiam na minha mente

Memórias fugidias

De um futuro indeterminado

Será o carrossel?

Ou mera brincadeira de roda?

A circular meu pensamento

Marcar o destino

Li isso numa circular?

Um passo pra frente

Um passo pra trás

De Urano estou no mesmo lugar


Conto do Théo

  A história de Théo seria uma teogonia? Se a questão se refere a um demiurgo, certamente não. Mas é uma história do todo-poderoso, oniscien...