As concepções de história para
Hegel e Benjamin são sob vários ângulos diametralmente opostas. Enquanto Hegel
como o espírito de sua época, a moderna, apresenta uma história que apresenta
uma enorme fé no progresso. Benjamin apresenta o progresso da técnica como a
perda de muitos valores, como a degradação da humanidade.
A razão garante o progresso da
liberdade cujo seu máximo manifestação se encontra no Estado para Hegel.
Benjamin denuncia justamente a razão, a razão técnica como causa da regressão
dos valores humanos. Justamente por se ancorar na razão, Hegel mostra uma
história que é dos vencedores, das ideias vencedoras, ou seja, as ideias
vencedoras são justificadas por serem mais racionais, pois a história é
conduzida pela astúcia da razão.
Benjamin acredita que
restringir a história à história dos vencedores não é contar a história de
todos, a história da humanidade. O frankfurtiano entende que as ideias
perdedoras também fazem história e que qualquer escolha é arbitrária, fazendo
com que a história dos perdedores tenha no mínimo a mesma importância que a dos
vencedores, pois é um recorte da mesma maneira e ainda pode ser a história da
maioria, pois numericamente há mais ideias perdedoras que vencedoras. A cada
situação há uma ideia vencedora que vence várias outras não necessariamente
racionalmente, pois a razão nem sempre é o fator mais importante numa escolha.
A desigualdade de poder, por exemplo, tem forte influência numa disputa de
ideias.
Hegel, que não era, nem poderia ser um marxista[1], assim como a maioria dos marxistas na época de Benjamin tinham um componente profético em sua teoria: os marxistas afirmavam que o sucesso do capitalismo levaria a ampliação do conflito entre proletariado e capitalistas de modo que o comunismo era inevitável; do mesmo modo o espírito condutor da história em Hegel inevitavelmente levaria ao conhecimento do espirito de si mesmo. Entretanto Hegel não falava do futuro. Ele foi o primeiro a defender que a modernidade é a última era: onde o espírito encontra a si mesmo.
Benjamin troca esse componente
profético do marxismo por um componente messiânico: os socialistas, o
proletariado, todos deveriam estar preparados e vigilantes para a boa nova: o
retorno aos valores importantes esquecidos do passado não como um retorno, mas
como lembrança e valorização. Assim, Benjamin incentiva a luta contra a técnica
e o capitalismo em vez de esperar que naturalmente o socialismo venha como a interpretação
profética do marxismo provoca. Não se pode esperar um messias que venha para
resolver tudo, pois este é a própria humanidade. A luta contra a razão técnica
do capitalismo não é um caminho que assegura o socialismo segundo Benjamin, mas
é um trajeto que pelo menos evita a catástrofe iminente causada pela técnica.
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