Nossa
sociedade é bombardeada por valores que destacam o individualismo, o
consumismo, a insegurança. Abdicamos gradativamente desde a idade média do
coletivo e estamos quase abandonando o individual, estamos nos desumanizando.
Não porque sejamos maus ou perversos, mas porque somos jogados numa rotina
massacrante em que praticamente os únicos gritos que ouvimos são cuide da sua
vida, compre isso pra você, se satisfaça, e semelhantes...
Como se fosse
possível viver isolado. Como se o bem do próximo não tivesse nada a haver com o
seu bem. Como se você comprasse uma roupa bonita só pra você ver. Se for só
isso, porque você não usa trancada no seu quarto porque só o que importa é a
sua opinião.
Somos seres
altamente gregários. Não somos independentes sem que os outros garantam a nossa
independência ou a convalidem. Como já expôs Aristóteles, ninguém é
independente sozinho. Que é independente sozinho, aliás, é independente de quem
cara pálida!
Agora o que é
incrível é que poucos de nós tomamos consciência de nossa interdependência. E
dos que tem consciência disto, pequena parcela age como se soubesse. O que é
mais complicado ainda. É necessário tomarmos uma profunda consciência deste
fato e começarmos a agir de fato como se o outro existisse e fosse vital para
nós. São os outros é que possibilitam a existência que determinamos.
Então volto à
necessidade do cuidado que devemos ter uns com os outros de modo a tornar mais
harmônica possível a nossa convivência e aí facilitar nossa interação na
sociedade em vistas de estabelecermos quem somos e agirmos com maior
efetividade. É preciso que entendamos que a sociedade é uma teia e que ao
cuidar do outro estamos cuidando de nós.
A nossa vida é
permeada de relações e a história é claramente dialética. Vivemos num grande
sistema em que nossas ações não são impunes. Quem age bem e pensadamente colhe
os melhores resultados. Ao sermos carinhosos e atenciosos com nossos pares,
estamos estabilizando um sistema no qual fazemos parte e é claro nos afeta.
Outra questão
é a da responsabilidade social, a da responsabilidade pelo outro. Temos que
agir sempre eticamente de modo a causar o maior bem possível provocando o menor
dano provável, pois estamos todos volúveis num mesmo plano de dominós. O menor
balanço pode não te detonar, mas se a sua linha começar a cair se cuide.
Então, o que estou falando é que cuidar do outro não é uma questão simples de
bondade, amor, fraternidade, é questão de sobrevivência. O que é preciso não é
que sejamos bonzinhos, é que tenhamos consciência e sejamos responsáveis pelos
nossos fracassos. Pois cada ser desiludido é parcialmente um fracasso pessoal
de todos nós. A outra parte é do próprio, é claro.
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