Antônio via a
vida. Corria em suas vias suave suco. Bombado ora violentamente, ora
compassado. Antônio não pensava nisso. Como eu disse, ele via a vida. A vida
floria. A vida secava. A vida se desdobrava. A vida não era um rio. Não tem leito.
A vida não tem pulsação. A vida tem ciclos? Tem revolução? Digo: tem frequência?
Antônio observava.
Os cenários se desdobravam. Mas tem lógica? Era caos absoluto ou a ordem não
foi descoberta? A vida seria um teatro? Uma peça sobre a guerra ou a guerra
mesmo? Uma tragédia ou uma comédia? Somos todos atores? O enredo já está
escrito? Os gregos ou Espinosa estão certos? Existe destino? Ou existe um livre-arbítrio
individual que no conjunto, na soma das forças não altera a providência?
A vida vai
passar e Antônio não. Antônio vai ficar em algum ponto. Vai virar esterco ou
cinza. No final, Antônio passa e a vida não. A vida é que observa Antônio.
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