Quisera fazer uma viagem. Partir de onde desejava e chegar onde estava. Não
seria uma viagem longa, mas custosa. Enfrentar o percurso talvez fosse uma
vida. Ou a capa dela. Não haveria vida nenhuma. Só duro trabalho consigo mesmo.
Constante reflexão sem espelhos. Ou melhor com um espelho projetando ora a
imagem de si ideal, ora real.
Procurou parque de diversões. Todos fechados. Aquilo era nada divertido. Uma
casa de espelhos seria talvez uma boa música, não um bom parâmetro. Precisava meditar,
mas não com mantras preestabelecidos, mas construir suas próprias meditações. Criar
uma consciência. Procurar uma essência, embora esta não exista, seja um ideal.
A viagem estaria floreada de paisagens belas, seda perfumada, mas sabe criaria
pântanos infernais pelo caminho. Nestes sabe que aprenderia. Nos campos
floridos descansaria. Então desejava desafios. Embora lhe fossem bem custosos e
o desgastassem bastante. E, sobretudo, era muito desagradável. As saídas e
fugas sim, eram muito reconfortantes. Sabia que não podia viver a vida no infortúnio,
mas era o preço de aprender.
Não esperava recompensa pelos desafios. Sabia que eles nada lhe acrescentavam.
Suas soluções sim, simbolicamente. Tinha uma enganosa sensação de vitória. Mas só
era conduzido ao novo problema. Que solucionado revelava o próximo. Entremeado a
isso viu flores, sentiu perfumes, sentiu a pele, o pelo, o osso. Deitou na
grama em luxuria do contato com terra, agua e ar.
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