Vou continuar
a refletir sobre a minha concepção desvirtuada de Walter Benjamin. Vou pensar
apenas um pequeno recorte da sua concepção de história. Os historiadores estão
sempre voltados para o passado. Nós comumente construímos a história com base
no passado. A construímos com base em nossa experiência. Nada mais natural
porque partimos do que conhecemos.
Com isso sempre
trazemos o passado para o nosso presente. Pior, o colocamos no futuro quando o
usamos pra planejar. Impossibilitamos nascer o novo por estarmos sempre presos
ao passado. Poxa! Mas se esquecermos o passado podemos repetir os mesmos erros
de novo. Sim, mas se levarmos o passado para o futuro os erros são transportados.
Não podemos esquecer o passado, mas não podemos construir o novo sem romper com
o passado.
Pra fazer o
novo é preciso partir do novo, de um presente ideal. É preciso romper com a linearidade.
Começar uma nova história livre dos absurdos do passado. Não estou falando de
uma revolução socialista ou anarquista. Estas estariam relacionadas a um
passado. O negando, provavelmente. Não seria um corte epistemológico.
Para criar o
novo, as escolas devem ensinar o passado como uma era repugnante já terminada e
focar na criação do novo tempo desligado das mazelas do passado. Um tempo sem a
lembrança da escravidão que impõe o racismo e a misoginia. Aí está o ponto que
vou ser mais polêmico e vou tomar todas as porradas possíveis e justamente
porque o novo não está aí. Não defendo o esquecimento. Como eu disse, 15
minutos após o estabelecimento do novo, o passado deve ser uma era desprezível já
terminada. O escravismo precisa ser tirado da história da nova era para que
deixe de ser referência. Mesmo que seja negativa, abominada continua sendo uma enorreferencia
que pode ser retomada, fantasiada, sublimada como é hoje.
Para fazer
uma nova história, é preciso fazer o novo a partir do novo, de novos
pensamentos. É preciso romper com o velho. Romper, não negar. Desligar-se. Perder
as referências. Reconstruir com base no que nunca foi feito ou adotado. Do
passado só podemos se muito adotar ideias perdedoras por razões econômicas,
políticas ou de preconceito se convenientes. Para fazer uma nova história é
preciso agir diferente. Para agir diferente é preciso romper com a velha história:
o tempo antigo, o tempo morto.
O que proponho
é algo muito perigoso. O fascismo e o nazismo propuseram algo semelhante. Mas
tem uma enorme diferença: não estou propondo uma volta a um passado mitológico poderoso.
Estou propondo romper com qualquer passado, real ou mitológico. Proponho deixar
de repetir erros. Cometer erros novos. Nós temos horror ao desconhecido, mas se
quisermos algo novo precisamos avançar para o incógnito.
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