Jack é Jack. Ninguém é Jack e ele odeia Skank.
“Tequila é a mãe!”, diria ele. A mãe de todos os meus males. Nascera incomodado
com uma musica para Jackie e não para ele. Jack é dinamite prestes a explodir.
Preferia ser um zé, um zé ninguém. Mas não podia era um Jack, um uísque. 12?
16? 18 anos?
Seu nome era uma esculhambação, pensava. Seu
pai, um abstêmio, cognominá-lo de Jack Daniels? Só faltava morar no 51º bairro
de João Pessoa. Felizmente a capital da Paraíba não era tão grande pra ter
tantos bairros. Escapara do 51, mas de morar na 79ª rua da cidade não. Mas Pirassununga
é coisa de paulista. E João Pessoa não é muito enfronhado com paulistas como
sabem. O nego da bandeira da Paraíba é a posição de não apoio aos paulistas pela
continuidade da república velha.
Essa posição era compartilhada por Jack. Negava
todos os convites para beber até a ultima hora. Preferia beber em casa uma
garapa velha envelhecida em barris de aroeira e cega-machado. Descia rasgando a
goela e o ventre como um bisturi cirúrgico cego e enferrujado.
Todo domingo tinha que ir na taverna da
Naninha comer buchada e encontrar os patrícios aflitos com tanta salsinha. Não
cabia um coentro? Naninha não era bem da terra. Nascera lá, mas... vivera uma
vida toda nas minas mais gerais do Brasil, região entre Minas, Bahia, Goiás e,
agora, Tocantins. Mas tirando algum excesso de cominho o prato era delicioso.
Jack tá aí, perguntavam seus detratores. Não tinha
muitos. A não ser na família. Já que tá aí, me traz um golinho da tua pinga. Já
que tá aí, me diz qual é a boa. Um poço infindável de azucrinações. Tinha
muitos Daniels em casa. 18, 21 anos. Mas só abria nas ocasiões especiais.
Preferia correr na praia. Não corria muito. Só
nas meio-maratonas. Mas essas eram muito pouco frequentes. Treinava todos os
dias de manhã e de tarde. À noite só queria dormir se desse conta. Mas essa não
era sua especialidade. Tinha que acostumar a ler os anúncios da madrugada
depois de ler dois ou três livros.
Acordava com o carro da pitanga ou o de suco
de murici. Saía pra praia sem luz pra treinar. Tinha que cochilar até os primeiros
fios de sol pelas quatro horas. Logo às cinco treinando era um pleno clarão de
cegar os olhos. Esquecera novamente o incômodo óculos de sol. Na verdade, não
sabia se era melhor levá-lo ou esquecê-lo.
Pronto! Jack lá pode começar o dia e eu posso
me mandar. Fazer o quê? A vida é essa mesmo: correr na praia, beber agua de coco,
comer buchada aos domingos. Uma baita dificuldade...
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