A liberdade é
considerada um dos valores dos liberais, tanto que faz parte do lema da
Revolução Francesa: Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Esta última para
tentar conciliar os dois primeiros valores que no capitalismo são antagônicos.
Para os socialistas estes valores passaram a ser relacionados ao econômico, o
que seria pertinente se não fosse considerado suficiente essa relação. Para os
anarquistas, que enfatizam a liberdade, considerando que os demais nascem desta
primeira necessidade, apresenta-se uma solução muito mais eficiente, embora
necessite de uma sociedade muito preparada moralmente para sua implantação.
Algo que praticamente impossibilita sua realização, mas suas denúncias são
palpáveis, vejamos as considerações do panfletário Errico Malatesta tirado de
Os grandes escritos anarquistas:
A própria
afirmação de que a existência do Estado não é natural e de que o contrato
social que os funda beneficia muito mais uns que outros e que para a imensa
maioria é extremamente danoso, coloca em outra vista o que aceitamos tão
naturalmente. Malatesta constatava ainda que “o governo significa delegação de
poder, isto é, abdicação da iniciativa e soberania de todos os homens nas mãos
de poucos”. Acredito que hoje se tenha muita pouca dúvida disso.
O homem, como
todos os seres vivos, se adapta às condições em que vive e transmite, através
da herança cultural, seus hábitos adquiridos. Portanto, por nascer e viver na
escravidão, por ser descendente de escravos, quando começou a pensar o homem
acreditava que a escravidão era uma condição essencial à vida. A liberdade
parecia impossível. Assim também o trabalhador foi forçado, por séculos, a
depender da boa vontade do patrão para trabalhar, isto é, para obter pão.
Acostumou-se a ter sua própria vida à disposição daqueles que possuíssem a
terra e o capital. Passou a acreditar que seu senhor era aquele que lhe dava o
pão, e perguntava ingenuamente como viveria se não tivesse um patrão.
Se
acrescentarmos ao efeito natural do hábito a educação dada pelo patrão, pelo
padre, pelo professor, que ensinam que o patrão e o governo são necessários; se
acrescentarmos o juiz e o policial para pressionar aqueles que pensam de outra
forma, e tentam difundir suas opiniões, entenderemos como o preconceito da
utilidade e da necessidade do patrão e do governo são estabelecidos.
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