Acompanham

terça-feira, 15 de julho de 2025

No balanço

Percorri várias trilhas

Nos meus vinis

Tortuosos caminhos

A balançar a agulha

Da bússola?

Não importa o rumo

Nem o sentido

Desnorteado?

Inverteram-se os polos?

Segue o twist a tocar

Minha alma

Como a lixa pole

A madeira dos meus pensamentos

Não há brilho nenhum

Nem metal

(Eu já falei que num passo pra cá ou pra lá que era twist?)

domingo, 13 de julho de 2025

Justo na minha vez

Não me espere nunca

Odeio a providencia

Me agarro a previdência

Como uma laje á pilastra

Nunca joguei no bicho

Nem pedra

Nem bilhete

Vai que o cérbero

Justo na minha vez

É sem cabeça

Que o calcanhar de aquiles

Seja a minha força

Que o samba nunca acabe

Que o frevo ferva

Que a canção seja irmanada

Vai que é tudo isso

(Justo na minha vez)


Diplomacia

Traçou fronteiras

Trançou limites

Correu daqui pra lá

 

Fugiu de lá pra cá

Meia maratona cumprida

Geopolítica indefinida

 

Fechem as janelas

Cancelem os limites

Abriguem-se num bunker

(A fofoca vem aí)

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Meu novo smartwatch



Correr faz chegar mais cedo ao subjetivo

Pergunta alvoroçado meu velho relógio

Temendo ser trocado por um desses smartwatches

 

Eu cá não sei nada

A moda há de definir meu destino

Não acredito em providência

Mas a propaganda há de me vender

 

Vendido voltamos ao escravismo

Mas pelo menos não sou responsável

Troco a razão pelo desejo

 

Que nem é meu

Foi me introduzido pelo novo

O que estará no meu braço é útil

Eu velho sou descartável

(Sou vitima do relógio que não tenho e do smartwatch que talvez terei)

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Pensar exaure



Pensar exaure! Pensar é um exercício? Até é. Mas não é um exercício muito pesado, a não ser que se esteja construindo um artigo acadêmico ou uma tese. Não é pelo esforço calórico que o pensar cansa, mas pela sobrecarga. Pensar exige que se agregue mais uma, duas ou três atividades ao cérebro. Todas elas com ramificações. Quanto mais liberto o cérebro, mais ramificações.  Um cérebro focado corre uma corrida de cem metros. Faz um esforço brutal e logo termine ou num desgaste extremo corra uma maratona e depois tenha dias pra recompor. A tarefa já foi cumprida. Um pensamento que é constantemente desfocado pelo ambiente histórico e cultural corre um triatlo, muitas vezes um Ironman.

O problema não é a força de vontade da pessoa manter o foco. Vivemos na sociedade mais “barulhenta”. Não por causa das pessoas. As pessoas não estão revoltadas nas ruas. A maior parte do barulho vem de maquinas, de objetos que se tornaram nossas extensões ou extensões da sociedade. Multiplicidades em mídias, poluições sonoras, visuais, sensoriais das mais diversas. Numa forma teológica recebemos incontáveis tentações. Cientificamente inúmeros estímulos interagem conosco. Como é uma interação para não participar precisamos ignorar, mas não é fácil. Para o melhor entendimento pense em alguém te cutucando de minuto a minuto pra fazer alguma coisa para se livrar você precisa renunciar ou ignorar. Não é fácil. Pense que você sabe que precisa ou deseja interagir, mas tem muitas outras coisas a fazer...


quarta-feira, 9 de julho de 2025

Prosseguimento

Comprei com tempo a paz

Um odor de café me invadiu

O tempo é escasso e o café é caro

A paz?

A paz é um ideal kantiano

Pura fantasia

Só conheço a alienação

O desconhecimento

A negação plausível

Nenhum vivente pode ter paz

A paz prescinde o afastamento

Da vida

Do hoje

Do presente, do passado e do futuro

Necessita fingir demência

(E prosseguir)


terça-feira, 8 de julho de 2025

Trajeto

Correu contra a corrente

Venceu o vencimento

Progrediu para Alto Progresso

Amou Cida na cidade

Deu três beijos em Trindade

Teve ânsia em Goiânia

Esmoreceu

Foi ser mito na Lapônia

Dar feno às voadoras

Por fim voltou a terra natal

Comprou um disco do Noel

E foi ouvir a manhã silenciosa

Averiguação

             Quisera nascer nascendo como todo mundo. Mas nascera sem nascer. Era uma ideia que se concretizara. Tão substancial quanto o ro...