Acompanham

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Oikonomia

Queria estar “para além do fim do mundo”

Além do fim das coisas

Bem ali onde você nasce

Minha indecisão

Entre o perfectível

E o inalienável

 

Lá onde principia toda história

Onde a realidade encontra dona carochinha

Onde os princípios não carecem de meios

Os fins não são imperativos

Onde Weber morreu

E ninguém lembra dele

 

Onde o príncipe não encontrou Maquiavel

Onde a discussão na praça é política

Onde as pessoas gritam, vociferam

Não por poder

Mas por algo concreto

 

Onde não há estrutura

As pessoas precisam ir a praça

Pra viver

Onde a política é o imperativo categórico

A morte é recolher-se a casa

Ou as coisas da casa

terça-feira, 17 de junho de 2025

A roseira

Perdi-me na roseira

Entre as folhas e acúleos

Eis me na corda bamba

Não uma horizontal

Mas a grande queda

Cravar-me-ei à serrilhagem?

Encaro um torno selvagem?

Bom...

No fim a flor sem cheiro

Sem dengo

Nem rodeio

Pura beleza inoperante

(preferirei afagar-me à grama)

domingo, 15 de junho de 2025

Presença

Correr em câmera lenta

É como viver em ansiedade

Ter a virtude da cautela

Cuidar do futuro

 

Parar no meio da estrada

Tomar outro caminho

Aspirar as flores

Deitar-se na grama

 

Ganhar um presente

Esquecer das preocupações

Abraçar a contingencia

E não a 

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Amanhecer

Espaçam as luzes

O tempo se foi

Não há mais escuridão

Veio a radiação

Espocou tudo

Retinas se fecharam

Tentam se proteger

Daquilo que as fere por todos os poros

O galo cantou

Acabou o sossego

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Corpos (dedicado a eu sei quem)



Que afago seria ter você ao meu lado

Roçando nós pelo com pelo

Pelados ou peludos

Introjetando aos pulsos

O liquido de nossa paixão

Pulsa, pulsa...

Ocupas ventrículos

Direito e esquerdo

Sangra dilaceradamente a saudade

Bate, bate

Apanha o coração

A minha cabeça só cobiça

Só pensa naquilo

A pele extasia, experimenta

Tensiona os sentidos

A derme vicia em sentir a outra derme

Uma engrenagem na outra a girar

Perdido estou na perdição

Assim me acho

No único universo que me interessa:

Você

quarta-feira, 11 de junho de 2025

A turba

Gritam por mim

Eu não estou

Não entendo

Porque vociferam

Em meu lugar

 

Não atendo

A minha vontade

De fugir de tudo

Daquele barulho

Do dissenso

 

Animais vociferam por todos os lados

Será um zoológico ou uma feira?

Uma freira deseja pregar?

Botões em minha camisa

Pululam,  estouram por todo tecido

Rasgam o tecido social

Pra impor seus termos, seus ternos

E sextos, bissextos...

 

Eu só desejo fugir

Daquela gritaria

Para o silencio

Dentro de mim

(Tchau multidão!)

terça-feira, 10 de junho de 2025

À fumaça

Atravessei grandes muros

Lasquei minhas pernas nas pedras do caminho

A terra sangrou

Verteu rios de sonhos

Pulsou o desejo de viver na vegetação

Descobriu-se a vida nos mais diminutos

Insetos

Infectos da existência

Resiste a ideologia

À realidade inequívoca do niilismo

(do nada vim, ao nada voltarei)

O criador há de me enrolar

E fumar

Mas não há de me consumir agora

A energia do fogo

A fumaça...

Conto de Ulices

  Ulices não foi pra ilha de Creta. Nunca pretendeu tomar uma rainha. Quer dizer, uma vez no xadrez sim. Na Dama nunca chamou a dama de rain...