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terça-feira, 25 de novembro de 2025

Sobre Queila e o anarquismo

 


Asseveram que Queila atravessou sete estradas. Eu não duvidaria se o seu corpo não estivesse sempre quente. Se o terreno não fosse tão inóspito. Atravessar um deserto na beira do mar é quase impossível. Mas quem construiu sete estradas no Atacama. Alguma dessas construtoras falidas brasileiras? A Mendes Júnior não foi porque ela faliu no Iraque. A Odebrecht se inviabilizou na Operação Lavajato.

Há um histórico de empreiteiras brasileiras ganharem notória experiencia, juntar títulos que permitem fazer qualquer obra em qualquer lugar do mundo e, condições adversas inesperadas as levarem a falência. O que não acontece com empreiteiras chinesas, americanas ou italianas.

Bom... não importam as empreiteiras. Falamos de Queila, a sobrevivente. É notório que Queila andou muitas trilhas. Talvez tivesse escalado muitos morros. Romper serras não lhe seja impossível. Mas andar centenas de quilômetros entre os Andes e o Pacífico no deserto mais seco do planeta Terra? Sim, Queila faria isso. Não com tranquilidade. Porque é uma tarefa que não deixa ninguém tranquilo.

Dizem que bebeu seu colete com gelo durante o caminho. Queila disse que deixou quase tudo pro final. Isso é difícil descobrir com todo mundo variando com aquela temperatura e sol escaldante. O que se pode dizer é que não foi integralmente bebido. Será que fizeram as sete estradas só pra Queila atravessar? Pouco provável. Umas três ou quatro estradas é possível que tenha atravessado.

Queila sempre manteve sua pulsação levemente abaixo do normal. O fazia para manter a tranquilidade. Efeito disso suava com maior intensidade e quem tocasse sua pele acreditaria que ela estava febril. Ela dizia que nada disso. Era uma mulher quente. Disso eu não sei. Intrigada por desafios com certeza. Se impunha desafios. Queria sempre superar dentro do que ela acreditava ser seguro.

Era hora de voltar pra uma bacia hidrotermal e passar uma quinzena ou mês relaxando pra depois planejar com cuidado o resto do ano o desafio do ano vindouro. Enquanto isso corria seus quilômetros diários e reforçava a musculatura para estar pronta para o que desejasse. Era uma linda morena que pela atividade interditava os menos atrevidos, (homens ou mulheres) os que tinham chances, e demolia os pretensiosos ou pretensiosas. Afinal ela sempre gostou de desafios. Timidez é um belo desafio.

Já nadara no Amazonas e no Nilo. Já subira o Everest e o K2. Nunca correu uma ultramaratona porque ela sempre achou que é muito mais exibição que desafio com toda a estrutura disponível. Já foi correspondente de guerra, mas não dessas guerras midiáticas em que você está minimamente protegida no front e sim de guerras na África e guerrilhas na América Latina quando tinha. Agora pensava em passar três meses no partido anarquista sem ser expulsa, o que seria um recorde três meses maior que o recorde anterior.

Tá bom... eu até acredito em atravessar sete estradas e sete cachoeiras no deserto de Atacama. Mas alguém que ficou mais de um dia filiado a um partido anarquista legitimo, melhor acreditar em São Jorge na Lua ou uma tripulação respirando oxigênio em Marte sem mascaras. Aliás um partido anarquista é uma contradição. Legitimidade disso é outra. Bakunin e Malatesta nunca se filiariam a mesma organização. Queila não quer saber disso. Vai pensar em outro desafio. Ano que vem saberemos.

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