Asseveram que
Queila atravessou sete estradas. Eu não duvidaria se o seu corpo não estivesse
sempre quente. Se o terreno não fosse tão inóspito. Atravessar um deserto na
beira do mar é quase impossível. Mas quem construiu sete estradas no Atacama. Alguma
dessas construtoras falidas brasileiras? A Mendes Júnior não foi porque ela
faliu no Iraque. A Odebrecht se inviabilizou na Operação Lavajato.
Há um histórico
de empreiteiras brasileiras ganharem notória experiencia, juntar títulos que
permitem fazer qualquer obra em qualquer lugar do mundo e, condições adversas
inesperadas as levarem a falência. O que não acontece com empreiteiras
chinesas, americanas ou italianas.
Bom... não
importam as empreiteiras. Falamos de Queila, a sobrevivente. É notório que Queila
andou muitas trilhas. Talvez tivesse escalado muitos morros. Romper serras não
lhe seja impossível. Mas andar centenas de quilômetros entre os Andes e o
Pacífico no deserto mais seco do planeta Terra? Sim, Queila faria isso. Não com
tranquilidade. Porque é uma tarefa que não deixa ninguém tranquilo.
Dizem que
bebeu seu colete com gelo durante o caminho. Queila disse que deixou quase tudo
pro final. Isso é difícil descobrir com todo mundo variando com aquela
temperatura e sol escaldante. O que se pode dizer é que não foi integralmente
bebido. Será que fizeram as sete estradas só pra Queila atravessar? Pouco
provável. Umas três ou quatro estradas é possível que tenha atravessado.
Queila sempre
manteve sua pulsação levemente abaixo do normal. O fazia para manter a
tranquilidade. Efeito disso suava com maior intensidade e quem tocasse sua pele
acreditaria que ela estava febril. Ela dizia que nada disso. Era uma mulher
quente. Disso eu não sei. Intrigada por desafios com certeza. Se impunha
desafios. Queria sempre superar dentro do que ela acreditava ser seguro.
Era hora de
voltar pra uma bacia hidrotermal e passar uma quinzena ou mês relaxando pra
depois planejar com cuidado o resto do ano o desafio do ano vindouro. Enquanto
isso corria seus quilômetros diários e reforçava a musculatura para estar pronta
para o que desejasse. Era uma linda morena que pela atividade interditava os
menos atrevidos, (homens ou mulheres) os que tinham chances, e demolia os
pretensiosos ou pretensiosas. Afinal ela sempre gostou de desafios. Timidez é
um belo desafio.
Já nadara no
Amazonas e no Nilo. Já subira o Everest e o K2. Nunca correu uma ultramaratona
porque ela sempre achou que é muito mais exibição que desafio com toda a
estrutura disponível. Já foi correspondente de guerra, mas não dessas guerras midiáticas
em que você está minimamente protegida no front e sim de guerras na África e
guerrilhas na América Latina quando tinha. Agora pensava em passar três meses
no partido anarquista sem ser expulsa, o que seria um recorde três meses maior
que o recorde anterior.
Tá bom... eu
até acredito em atravessar sete estradas e sete cachoeiras no deserto de
Atacama. Mas alguém que ficou mais de um dia filiado a um partido anarquista
legitimo, melhor acreditar em São Jorge na Lua ou uma tripulação respirando oxigênio
em Marte sem mascaras. Aliás um partido anarquista é uma contradição. Legitimidade
disso é outra. Bakunin e Malatesta nunca se filiariam a mesma organização. Queila
não quer saber disso. Vai pensar em outro desafio. Ano que vem saberemos.
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