A contingência é um negócio triste
Mas pode ser alegre
A tristeza tem seu fim
A alegria limites
Sobra alergia
Nem todas são rinites
A gente comemora
O chopp uma hora gora
Linhas de um pseudofilósofo menor nas formas possíveis das coisas sem essência e concretitude. Os contos alfabéticos viraram livro em fevereiro de 2026. Vim do passado pra dizer.
A contingência é um negócio triste
Mas pode ser alegre
A tristeza tem seu fim
A alegria limites
Sobra alergia
Nem todas são rinites
A gente comemora
O chopp uma hora gora
O mestre Juraildes da Cruz num estalo de rara felicidade cunhou a melhor definição da inevitabilidade na música Se correr o bicho pega:
Eu pensei correr de mim, mas aonde eu ia eu tava
Quanto mais eu corria mais pra perto eu chegava
Eu pensei correr de mim, mas aonde eu ia eu tava
Quanto mais eu corria mais pra perto eu chegava
Ou seja, numa simples situação mostrou que é impossível deixar de ser quem é, porque mesmo que se modifique você não deixa de ser o que se tornou. Consegue pensar uma ontologia moderna, algo muito delicado dado á força do existencialismo na modernidade tardia. Óbvio que o existencialismo pode refutar e desqualificar a reflexão facilmente ao argumentar que ninguém é. Ou seja, o pressuposto é falso. Mas não é uma suspeição simples já que existir é muitas vezes erroneamente entendido como ser.
Correu meia quadra
Rodeou um círculo e meio
Cruzou o polígono
Não sobrou nada
Se afogou no riacho
Elevou o solo
O teto foi ao chão
Tudo certo
Tudo salvo
Nada combinado
Chegou ao fim
Haverá recomeço?
Se há um infortúnio
Eis o motivo da causa
Não há problemática
Que não sobrevenha a razão
Sentimos profundamente
O dever de investigar
Os motivos do desejo
Desejando conhece-los
Almejando a razão
A vontade de ser
O que não fomos
Estando nós mesmos
Nessa luxuria
Da ciência
Inconsciência dos motivos
Obscurecimento da razão
Apice da consciência
De que nada somos
Nada controlamos
Apenas estamos
Um corre-corre de formigas no veleiro
Curiosidade atormenta o tempo inteiro
Só resta a fadiga do conhecimento
Um eterno constructo tijolo a tijolo
Não importa quantos níveis alcança
O saber está sempre no horizonte
Utópico e ideal
Uma maratona passo a passo
Passos lentos e largos
As formigas correm mais
Mas não chegamos a lugar nenhum
O tal do conhecimento não tem dono
Nem tempo, nem lugar
Só mesmo oportunidade
Ando na noite
Cegam-me as estrelas
O breu é todo o ambiente
Inexistem chão e céu
Tudo é um igual
Pequenos pontos destoam
Tentam fazer desenhos
Não suportam o vazio
Não se afeiçoam ao nada
Desprezam começos e recomeços
Querem ter algo construído
Não suportam contemplar
Querem ser
Não suportam só existir
Atravessei dois ou três prédios pela rua Inspirou-me confiança Acenei efusivamente para o nada Recolhi todos ou louros da ação Esc...